O Fisioterapeuta é um profissional indispensável às ações de atenção à
saúde, e pode atuar nas três fases de atenção à saúde, prevenção,
diagnóstico e tratamento. Atua de forma interdisciplinar, junto a todas as
especialidades da equipe de saúde como: postos de saúde, ambulatórios,
hospitais, clínicas, centros de reabilitação, associações esportivas e
similares (academias, clubes, etc) indústria e comércio, atividade liberal com
prestação de serviços para pessoas físicas e jurídicas, escolas de ensino
regular especial, creches e asilos, ensino fundamental e superior. Além de
auxiliar na recuperação de pacientes acidentados e portadores de distúrbios
neurológicos, ortopédicos, cardíacos ou respiratórios, trabalha com idosos,
gestantes, crianças e portadores de deficiência física e mental.
A Clínica de Fisioterapia da Univali, localizada no Centro de Ciências da
Saúde, Campus I da Univali, no bloco 25 A, pavimento térreo. Ocupa uma área
de 1181,65 metros quadrados, cuja construção foi planejada com espaços
adequados aos pacientes portadores de qualquer tipo de deficiência, onde
trabalham professores supervisores de estágio que orientam os alunos do curso.
A Clínica configura-se como um importante espaço de desenvolvimento das
habilidades suficientes para a formação do fisioterapeuta, bem como para a
assistência em saúde da população menos favorecida de Itajaí e demais
municípios integrantes da AMFRI – Associação dos Municípios da Foz do Rio
Itajaí (Luiz Alves, Piçarras, Penha, Navegantes, Ilhota, Camboriú, Balneário
Camboriú, Itapema, Porto Belo e Bombinhas).
Atualmente a clínica tem capacidade de realizar em média 180 atendimentos
diários de forma filantrópica, nas diversas áreas de atuação da
fisioterapia. Os atendimentos são feitos nas áreas de ortopedia, traumatologia
e reumatologia, neurologia, ginecologia e obstetrícia, pediatria e
cardiorespiratória.
Dentre as áreas mais procuradas encontram-se as sub-especialidades: Neurologia,
que se dedica à investigação, estudo, diagnóstico e tratamento das
disfunções do sistema nervoso central ou periférico, em pessoas com
distúrbios neurológicos, congênitos ou adquiridos (ROWLAND, 2000); Pediatria,
que trata do desenvolvimento motor e da aquisição das habilidades motoras,
assim como dos processos que presidem a maturação, o descontrole e a
recuperação em caso de lesão neurológica em crianças (SHEPHERD, 1996);
Ortopedia, Traumatologia e Reumatologia com atenção voltada às disfunções
músculo-esqueléticas, articulares e ligamentares, prestando atendimento às
pessoas com patologias tanto em fase aguda quanto crônica, que acometem a
coluna vertebral, membros ou extremidades; Cardiorrespiratória, na qual são
atendidos pacientes com doenças relacionadas ao sistema cardiovascular e
respiratório, e Uro-Gineco-Obstetrícia, com a função de prevenir,
diagnosticar e tratar pacientes com disfunções genito-urinárias,
mastológicas ou obstétricas.
Embora a fisioterapia tenha sua origem e trajetória fundamentada sob os pilares
da reabilitação, vive atualmente, uma mudança de paradigma, assim como a
maioria das profissões da área da saúde.
Neste contexto, abre-se um novo espaço de atuação profissional que espera do
fisioterapeuta ações voltadas a atenção primária em saúde.
Tanto que em 04 de julho de 2005, o Ministro da Saúde, assinou a Portaria nº
1065/GM criando os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família, com a
finalidade de ampliar a integralidade e a resolubilidade da atenção à saúde
incluindo o fisioterapeuta como um dos membros essenciais à equipe de apoio
(BRASIL, 2005).
Nesta nova concepção cabe ao fisioterapeuta não só a postura técnica,
assistencial e individualizada frente às mazelas da população, mas a
participação no processo de desenvolvimento de capacidades, habilidades,
recursos pessoais e comunitários que facilitem a independência e
participação social das pessoas com deficiência frente à diversidade de
condições e às necessidades presentes no cotidiano
Materiais
e métodos
Trata-se de estudo descritivo, quantitativo com o objetivo de conhecer o perfil
epidemiológico da população que freqüentou a Clínica de Fisioterapia da
Univali no período de 2000 a 2004.
A Clínica de Fisioterapia da Univali, localizada no Centro de Ciências da
Saúde, Campus I da Univali, no bloco 25 A, no pavimento térreo.
A Clínica configura-se como um importante espaço de desenvolvimento das
habilidades suficientes para a formação do fisioterapeuta, bem como para a
assistência em saúde da população menos favorecida de Itajaí e demais
municípios integrantes da AMFRI – Associação dos Municípios da Foz do Rio
Itajaí (Luiz Alves, Piçarras, Penha, Navegantes, Ilhota, Camboriú, Balneário
Camboriú, Itapema, Porto Belo e Bombinhas).
Atualmente a clínica tem capacidade de realizar em média 180 atendimentos
diários de forma filantrópica, nas diversas áreas de atuação da
fisioterapia. Os atendimentos são feitos nas áreas de ortopedia, traumatologia
pediatria e reumatologia, neurologia, ginecologia e obstetrícia, e
cardiorespiratória.
O objeto deste estudo constituiu-se de todos os prontuários dos pacientes
atendidos na Clínica de Fisioterapia da Univali nas áreas de Ortopedia,
Neurologia; Ginecologia e Obstetrícia e Cardiorrespiratória, no período de
janeiro de 2000 a dezembro de 2004 e a amostra foi composta por 2082
prontuários.
Foram anotados quando possível: a distribuição por ocorrência de patologias
nas áreas de ortopedia, reumatologia, neurologia, cardiologia e
gineco-obstetrícia estaleceu-se, ainda, como critério de inclusão
prontuários que apresentassem no mínimo um dos quatro principais itens
preenchidos, entre eles: procedência, diagnóstico médico, gênero e idade,
visto que a ausência destas informações traria prejuízo para a análise do
perfil da população e distribuição das doenças.
As informações foram analisadas através de distribuição de freqüência
relativa e apresentadas em forma de gráficos e tabelas.
Os dados foram coletados e posteriormente foram armazenados em forma de planilha
eletrônica, utilizando para isso o programa Microsoft Excel (Microsoft
Corporation) favorecendo a compreensão e análise estatística dos dados.
Todos os princípios éticos previstos pela Resolução CNS 196/96 foram
respeitados a partir da autorização de acesso e manuseio do material de
estudo, preenchimento do termo de utilização dos dados pelo (a) professor (a)
responsável pela pesquisa, bem como o termo de responsabilidade e sigilo pelas
pessoas que participaram da pesquisa. O estudo foi aprovado pela comissão de
Ética em Pesquisa da Univali, parecer n° 59/2004.
Resultados
e discussão
Dos 2082 prontuários analisados, 2078 continham a área de atuação da
fisioterapia. Desses, 1160 (56 %) foram atendidos na área de Ortopedia, 477
(23%) na Neurologia, 345 (17%) na Cardiorrespiratória, 45 (2%) na Ginecologia e
Obstetrícia, (conforme Tabela 1).
Tabela
1. Distribuição percentual dos pacientes quanto à área de atuação na
Clínica de Fisioterapia da Univali
O fisioterapeuta é um profissional da área da saúde que exerce suas
atividades isoladamente ou em equipe em todos os níveis de atenção à saúde,
incluindo a prevenção, promoção, tratamento e recuperação da saúde com
indivíduos, famílias, grupos de pessoas ou comunidades. Tem como objeto de
trabalho o movimento humano e sua funcionalidade (BARROS, 2003 apud VIANA,
2005).
Percebe-se, porém que decorridos 36 anos de reconhecimento da fisioterapia no
Brasil, ainda predomina a procura pelas áreas de ortopedia e neurologia, com
enfoque reabilitador. Esta supremacia deve-se, certamente a origem da
profissão.
Tem-se registro que desde 1879 os exercícios físicos vêm sendo utilizados
pelos profissionais de saúde com o objetivo de assistência curativa e
reabilitadora, seja pelo surgimento das doenças ocupacionais na época da
industrialização, como pelo aparecimento dos sequelados motores oriundos da
poliomielite na década de 50 e do pós-guerra que necessitavam de uma “reabilitação
para a sociedade”. Nesse contexto, começaram a surgir às primeiras
definições de Fisioterapia com ênfase na reabilitação (REBELATTO e BOTOMÉ,
1999).
A Fisioterapia sofreu influência da história da humanidade no que diz respeito
ao seu objeto de trabalho e de estudo, determinando formas de atuação
voltadas, em sua maioria, para a cura, tratamento, recuperação e
reabilitação do indivíduo. Tendo como objetivo maior reintegrá-lo à
sociedade como ser produtivo e independente nas atividades da vida diária
(VIANA, 2005).
No Brasil, esta influência é bastante clara, visto que somente em 13 de
outubro de 1969, após o presidente Costa e Silva ter sofrido um Acidente
Vascular Encefálico grave, e ter sido atendido por fisioterapeutas, é que foi
concedido por decreto-lei aos fisioterapeutas o devido reconhecimento como
profissional de nível superior ao mesmo tempo em que define como atividade
privativa destes a execução de métodos e técnicas fisioterápicas com a
finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do
paciente (BARROS, 2003 apud VIANA, 2005). Desta forma a Ortopedia e a Neurologia
se consolidaram como campo de atuação do fisioterapeuta.
Considerando que a Fisioterapia por decorrência de sua evolução acadêmica,
científica e social, necessitou de maiores graus de aprimoramento científico e
tecnológico para, com maior propriedade e resolutividade, cuidar da saúde
funcional do indivíduo, foram reconhecidas recentemente como área de
especialização própria e exclusiva do Fisioterapeuta a Fisioterapia Pneumo
Funcional, a Fisioterapia Neuro Funcional e a Fisioterapia Traumato-Ortopédica
Funcional (COFFITO, 2005). Também são reconhecidas como especialidades do
Fisioterapeuta a acupuntura, a osteopatia e quiropraxia. A ginecologia e
obstetrícia configura como uma sub-área da fisioterapia, porém ainda não é
reconhecida como especialidade.
Através da Resolução 259, de 18 de dezembro de 2003, o COFFITO definiu as
atribuições do fisioterapeuta que presta assistência à saúde do
trabalhador, independentemente do local em que atue. A autarquia levou em conta
a qualificação e habilitação legal do fisioterapeuta para contribuir com
suas ações para a prevenção, promoção e restauração da saúde do
trabalhador e a grande demanda destes profissionais em empresas e/ou
organizações detentoras de postos de trabalho, intervindo preventivamente e/ou
terapeuticamente de maneira importante para a redução dos índices de doenças
ocupacionais (CREFITO - 8, 2006).
Conclusão
A pesquisa constou da análise de 2382 prontuários sendo que destes somente
2082 continham informações suficientes para análise da pesquisa. Dentre estes
pode-se observar que a maioria dos pacientes era do sexo feminino.
A área de maior ocorrência dos pacientes foi a de ortopedia e igualmente a de
maior número de diagnósticos, ou seja, de diversidade de patologias. Porém a
patologia de maior incidência foi o Acidente Vascular Cerebral – AVC na
especialidade de neurologia.
Os resultados encontrados no nível ambulatorial são preocupantes e coincidem
com os índices de morbidade hospitalar registrados pelo DATASUS em todo o
Brasil no mesmo período, tanto para as manifestações de cunho neurológico
como para as de cunho respiratório, apontando para o estabelecimento de
políticas de saúde que visem à promoção da saúde e prevenção dos seus
agravos.
Visto que 74% dos pacientes atendidos na clínica são procedentes da cidade de
Itajaí, torna-se pertinente a formulação de estratégias de promoção e
educação em saúde capaz de contribuir com a melhoria da qualidade de vida
desta população de forma intersetorial e multiprofissional.
Tendo em vista o grande número de informações da pesquisa faz-se necessário
que se dê continuidade a análise dos dados, realizando alguns cruzamentos
destes para identificar, a relação das patologias que mais incidem em
determinadas profissões, analisando os diagnósticos fisioterapêuticos
traçando medidas necessárias para a prevenção destas.
Referencias
-
BRASIL.
Ministério da Saúde. Departamento de Informação e Informática do SUS
(DATASUS). Disponível em: www.datasus.gov.br/datasus/datasus.php
Acessado em: 15/11/2005.
-
CONSELHO
FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL – COFFITO. Fisioterapia
– especialidades. Disponível em: www.coffito.org.br. Acessado em: 02
de novembro de 2005.
-
CONSELHO
REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL DA 8ª REGIÃO – PARANÁ -
CREFITO-8. COFFITO define Fisioterapia do Trabalho. Disponível em:
www.coffito.org.br. Acessado em: 28 de maio de 2006.
-
REBELATTO,
J. R.; BOTOMÉ, S. P. Fisioterapia no Brasil: fundamentos para uma ação
preventiva e perspectivas profissionais. 2ª ed. Manole: São Paulo,
1999.
-
ROWLAND,
L.P. Meritt Tratado de Neurologia. 10ª ed. Guanabara Koogan, Rio de
Janeiro:2000.
-
SHEPHERD,
R. B. Fisioterapia em pediatria. 3ª ed. São Paulo: Santos, 1996.
-
VIANA,
S. P. Competências dos fisioterapeutas para atenção básica em saúde
da família: avaliação dos professores e egressos da UNIVALI. 2005 126
f. Dissertação – Universidade do Vale do Itajaí, Programa de Mestrado
em Saúde e Gestão do Trabalho: Área de Concentração em Saúde da
Família – Modalidade Profissionalizante.
